sábado, 23 de janeiro de 2010

Barra Circular 1983

Quando eu era 5ª série ganhei da minha tia uma bicicleta usada Monark modelo “Barra Circular 1983", estávamos aí em 1988 e o meu sonho era ter uma bicicleta… Por causa da bicicleta, aos 11 anos acabei me tornando mecânico e pintor, pois era eu mesmo quem consertava minha “magrela” de posse das ferramentas do meu pai e a pintava com “bomba de baygon”, que ao invés de inseticida tinha dentro tinta a óleo usada nas grades dissolvida em gasolina…

Na época da bicicleta eu estudava na Escola Polivalente, no centro da cidade e adorava ir para lá pedalando. Como todo bom menino de escola publica, eu comia muita merenda do colégio; mingau com gosto de chiclete, paçoca, farofa de feijão com carne de sertão, sopa, arroz doce… Ficava feliz da minha vida quando tinha uma graninha que dava pra comprar um picolé!!!

Morria de medo da professora de português (que se chamava Lea) e dos professores de matemática (Raimundo e Stelino), morria de medo também dos pivetes do bairro da Gleba C que queriam “me pegar” porque eu sentei a porrada num deles que mexeu comigo, mesmo naquela época sendo da turma dos “nerds” (garotos que estudavam, entendem? rsss) e eles considerados os “bichos soltos” (garotos temidos) da escola…

Eu costumava pular as janelas do polivalente que não tinham os vidros nem grade para ir para a quadra “pegar o baba” (sim, naquela época eu jogava futebol) e voltar suado para assistir aula, chegando em casa com o uniforme imundo e fedendo a macaco com um “tifum” insuportável… Era maravilhoso sair do Polivalente e ficar correndo na praça dos esportes (Abrantes) escorregando nas recém inauguradas rampas de skate sem os skates lógico, nelas eu também usava a minha "Barra Circular 1983" além de depois escorregarmos sentados nos cadernos, mochilas e papelões, catados ali mesmo até nas lixeiras da praça...


Danival Dias
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Texto publicado originalmente em janeiro de 2006

Veó

Corto meu cabelo todo final de semana, na sexta-feira ou no sábado é certo eu estar lá sentado na cadeira de barbeiro do meu amigo Sandro, que já me atende a mais 15 anos ininterruptos! A minha turma fica me sacaneando dizendo que não tem o que cortar, mas não tem o que cortar justamente porque eu não deixo meu cabelo crescer, ora!

Antes de Sandro, a única pessoa a mexer em minhas “madeixas” foi o Sr. Domingos Dias, o Seu Boró, meu pai… Hoje em dia os moleques chegam nas barbearias e salões cheios de pose e pedem o corte “moicano”, “topete”, “social”, “lage”, ou simplesmente deixam o cabelo crescer e entopem de cremes, gel, escova e até chapinha… Se quando eu era garoto sonhasse em deixar o cabelo crescer, primeiro que ficaria medonho, segundo que era capaz de mu pai arrancar minha ourelha fora e mandar eu tomar vergonha!

Na minha época, o que tinha de mais “moderno” em corte de cabelo era “VO” (lê-se ‘VEÓ’) com o “pé do cabelo” em formato de "triângulo invertido”, que por sinal eu ODIAVA, mas era bem melhor do que o corte “PIMPÃO” que o pai dos meus vizinhos fazia neles visto que o famigerado “PIMPÃO” era uma espécie de cópia piorada do cabelo do “CASCÃO” da “Turma da Mônica”… Como eu só tinha duas opções, ou “VO” ou “PIMPÃO” eu ainda preferia o “VO”!

Quando meu cabelo já estava um “tufo” (estilo black power) meu pai pegava o “tamborete” (banco de madeira), colocava sob a sombra da mangueira e gritava “áááááááááaáááááá ôôôôôôôôôôôôôôôô, cortar o cabelo!” (que significava, “Danival, cortar o cabelo!") e eu tinha que parar o que estivesse fazendo, senão…

O “borrifador de água” era um vaso de margarina e a lâmina era improvisada num galho de goiabeira com “gillete” amarrada por linha de costura! Como eu não tinha direito a olhar no espelho até o final do corte, combinava com minha irmã para que ela ficasse rondando o tamborete durante o corte, para se certificar de que meu pai não estava jogando o “PIMPÃO” na minha cabeça. Ficava feliz quando a resposta era “não”, mas também ficava puto, porque junto com o “VO” vinha o tal pé do cabelo feito em formato de “triângulo invertido” que eu não sei de onde ele inventou!!!

Costumo dizer que meu corte hoje é “PAN”, não sei o que significa, mas é o que me vem a cabeça quando olho o espelho após o trabalho das tesouras e da máquina do meu amigo Sandro, que sucedeu tão bem meu herói na árdua tarefa de aparar o meu cabelo “pixain”! Agora só precisa eu dizer “o de sempre” ou então “apara” e depois de meia hora no máximo o cabelo fica “PAN” eu eu saio mais bonito da barbearia; sabe como é, tenho uma “fama de gatinho” a zelar!!!

Danival Dias
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Texto publicado originalmente em dezembro de 2006

Crazy…

Foto: Acervo pessoal
Outro dia fui chamado de crazy, primeiro pensei que tinham me xingado, mas depois me disseram que era algo em inglês... Como o meu entendimento da língua anglo-saxã é pífio, fui ver no dicionário inglês/português o que significava! Na minha ignorância, sabia que crazy era algo relacionado a gente 'pinel', mas mesmo assim fui conferir e encontrei a seguinte definição:

CRAZY
ADJ 1 LOUCO, DESEQUILIBRADO. 2 COLOQ. ANSIOSO, LOUCO (ABOUT POR). 3 INCOMUM, EXCÊNTRICO. 4 OBCECADO, APAIXONADO.

Sser crazy é ser louco, desequilibrado e obcecado, mas também, segundo o dicionário é ser incomum e apaixonado…

Tudo bem que eu sei que significados de dicionários não são lá muito profundos, mas dentro do que está transcrito, no que diz respeito a ser incomum e apaixonado, eu realmente me muito crazy, quer dizer, VERY, VERY CRAZY, sacou?… E você?

Como diria a deliciosa Balada do Louco, canção maravilhosa interpretada por Ney Mato Grosso:

“♫...mas louco é quem me diz, que não é feliz…♪”

Danival Dias
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Texto publicado originalmente em março de 2007

Palhaço

Quando eu era criança e algum adulto perguntava ‘o que eu iria ser quando crescer’, sempre me vinha à cabeça as coisas mais inusitadas possíveis… Quis ser veterinário, músico, piloto de avião, porteiro de bordel, astronauta e até palhaço de circo. Com esta última profissão (a de palhaço) eu me identifico até hoje! Sou tido nos meios que ando como uma pessoa bastante descontraída, alegre e perturbado (no bom sentido, é claro!) e se tem algo que realmente me faz sentir prazer, é conseguir ‘arrancar’ um sorriso de alguém…

Infelizmente eu não fui competente o suficiente para me tornar um ‘palhaço de profissional’ daqueles que sobem ao picadeiro, tem que ser muito bom para ser palhaço, não é para ‘qualquer um’, mas com um pouco de esforço me tornei um ‘quase palhaço da vida real’, faço graça de tudo, brinco com os amigos, rio, abuso, puxo o cabelo, ponho um apelido, pego no pé, solto pum…

Sorrir me faz muito bem, ver o sorriso das pessoas queridas, me faz melhor ainda!

Danival Dias
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Texto publicado originalmente em abril de 2007